Pular para o conteúdo principal

Campos magnéticos de linhas de transmissão ameaçam saúde da população - 14/07/2009

Júlio Bernardes
[Imagem: Ag.USP]
Mais de 150 mil moradores da cidade de São Paulo estão expostos a campos magnéticos gerados por linhas de transmissão aérea de energia elétrica em níveis que podem provocar riscos à saúde humana.
A estimativa faz parte de uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) que mapeou as áreas do município mais expostas e as características da população afetada. O estudo aponta que as regiões de maior exposição apresentam baixos níveis de escolaridade e renda entre os moradores.
Campos magnéticos que fazem mal à saúde
O geógrafo Mateus Habermann avaliou a prevalência de exposição aos campos magnéticos na população da cidade de São Paulo. "Foram consideradas áreas expostas aquelas com campo magnético igual ou superior a 0,3 microtesla, nível apontado na literatura científica como de risco estatisticamente significante de leucemia infantil", aponta.
Ao mesmo tempo, o pesquisador verificou as diferenças socioeconômicas entre as pessoas expostas e não expostas. "O estudo se baseia na ideia de Justiça Ambiental, surgida nos Estados Unidos, onde se constatou que populações marginalizadas eram mais sujeitas a riscos ambientais".
A análise das informações sobre os 572,1 quilômetros de linhas de transmissão na cidade de São Paulo mostra que as áreas mais expostas aos campos magnéticos formam um corredor ao longo do percurso das linhas, abrangendo uma área de 25 quilômetros quadrados. Conforme as dimensões e características técnicas das linhas de transmissão, esses corredores apresentaram entre 50 e 130 metros de largura.
"A extensão é maior do que as áreas de servidão, espaços reservados exclusivamente para a passagem das linhas", ressalta Habermann. A população que vive nos corredores é estimada em 152.176 habitantes (1,4% da população de São Paulo), em 40.677 domicílios (1,3% da cidade), com base nos dados do censo demográfico de 2000.
Mais jovens e mais pobres
A partir das informações socioeconômicas das áreas expostas, a pesquisa mostra que a prevalência aos campos magnéticos diminui conforme aumenta a idade da população. "Aproximadamente 46,6% das pessoas nesses locais tem menos de 24 anos", conta o geógrafo.
Dentro dos corredores, 48% da população não tem instrução ou menos de cinco anos de estudo. "Um terço dos chefes de domicílio que vivem nas regiões expostas não possuem renda ou ganham menos de dois salários mínimos".
Doenças causadas pelos campos elétricos
A mesma metodologia usada no estudo da Capital paulista foi aplicada nos demais municípios da Grande São Paulo, apresentando resultados semelhantes. "Em outra pesquisa da FMUSP, comparou-se a distância da residência de pessoas que faleceram de leucemia, câncer no cérebro e neoplasias do sistema nervoso central em relação às linhas de transmissão", relata o pesquisador. "os resultados mostraram que o risco de leucemia entre pessoas com mais de 40 anos é maior em áreas situadas a 50 metros das linhas de transmissão".
O estudo de Habermann faz parte de um projeto de pesquisa sobre linhas de transmissão de energia, coordenado pela Associação Brasileira de Compatibilidade Eletromagnética (Abricem). Denominada EMF-SP (de Electromagnetic Fields, campos eletromagnéticos, em inglês), a iniciativa reuniu pesquisadores de diversas instituições, como a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). O trabalho do geógrafo, descrito em sua dissertação de Mestrado, teve a orientação do professor Nelson Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da FM.
O EMF-SP foi financiado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e as conclusões dos estudos foram encaminhadas para as concessionárias de serviços de eletricidade. "Fica a critério delas fazer as mudanças necessárias para diminuir a intensidade do campo magnético emitido pelas linhas de transmissão aéreas", aponta Habermann. Sugere-se que os campos magnéticos podem ser mais um fator de risco que a população socioeconomicamente mais vulnerável está exposta, assim como outros problemas urbanos como poluição do ar, inundações, proximidade de aterros sanitários, entre outros.
Fonte: Diário da Saúde, de 14/07/2009.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

LEI FEDERAL Nº 13.639/2018: Uma rapida análise desanimadora acerca da criação dos conselhos profissionais dos técnicos industriais e agrícolas.

Por Joran Tenório da SILVA Ao longo de várias décadas os técnicos industriais e agrícolas estiveram vinculados ao Sistema CONFEA/CREA (Registros profissionais, Anotações de responsabilidades técnicas, Acervos técnicos, Anuidades, Fiscalizações do exercício profissional, Multas, Penalidades, Etc.). Eis que neste ano de 2018, no dia 26 de março, a Lei Federal n° 13.639, que autoriza a criação e manutenção dos conselhos federal e regionais ou estaduais foi sancionada pelo Presidente da República... Pergunta-se: Ao longo da história da vinculação dos profissionais técnicos industriais e agrícolas ao Sistema CONFEA/CREA foi sentido ou vivido alguma melhoria ou valorização profissional dessas categorias técnicas? :( Resposta: Claro que não! Os profissionais técnicos apenas foram submetidos aos abusos e exploraçoes das categorias dominantes desse Sistema: engenheiros, agrônomos e arquitetos. O suado esforço dos técnicos nunca foi respeitado ou valorizado por esse Sistema, que apenas os e...

Direção embriagada - 13/09/2009

De Joranation Assistindo o programa Fantástico, da TV Globo, hoje, 13/09, veio a baile a questão da 'embriaguez ao volante', e que muito se fala sobre o dever ou não do 'embriagado' fazer ou não o teste do bafômetro ou outro em que a 'autoridade de trânsito' deseje provar (seria mais prudente afirmar 'constatar a suspeita') a esperada (e as vezes até desejada) embriaguez. Antemão, como foi tratado na matéria, também sou a favor de que o ônus da prova é de quem acusa ou deseja provar que um indivíduo qualquer estava dirigindo embriagado. Outrossim, considero desnecessário este carnaval, esta farra que se faz sob a égide de 'campanha de educação no trânsito' ou afim com medidas puramente 'impossitivas' e que na maioria sempre violam direitos fundamentais garantidos pela nossa Carta Magna, de 1988. Seria muito mais simples resolver tudo aplicando a Lei adequadamente e com rigor. E rigor para todos, independemente da posição social, econômica...

Dicas 'plásticas' - MSN Verde - 11/07/2009

Os plásticos são classificados de acordo com um código numérico que vai de 1 a 7 e representa o tipo de resina utilizada em sua fabricação. Este número é  geralmente impresso no fundo da embalagem, dentro do triângulo que é o símbolo de reciclagem. Vá para as próximas fotos para conhecer os diferentes tipos de plásticos e saber quais você deve evitar. SÃO OK: .Plásticos tipo 1 - garrafas PET. As garrafas PET são bem aceitas nos postos de reciclagem, mas é melhor não reaproveitá-las em casa: este tipo de plástico é poroso e retém cheiro e bactérias. MELHOR OPÇÃO . Plásticos tipo 2 - embalagens de detergentes líquidos e de xampu; . Plásticos tipo 4 - sacolas de compras; . Plásticos tipo 5 - embalagens de iogurte. São os melhores plásticos porque não contaminam a comida com químicos e geralmente são recicláveis. EVITE . Plásticos tipo 3 (PVC) - embalagens de óleo de cozinha, canos; . Plásticos tipo 6 - copos descartáveis; . Plástico tipo 7 - garrafas e mamadeiras para be...